Estações Terrenas em comunicação por satélite - TELECOMUNICAÇÕES

 

INTRODUÇÃO

Um enlace de comunicação via satélite em posição orbital geoestacionária, conta com vários fatores de degradação que estão ligados ao meio de transmissão, aos equipamentos utilizados em suas estações terrenas e ao próprio satélite, que funciona como elemento de repetição nesta análise.

Para que o sistema consiga oferecer desempenhos satisfatórios nos mais diferentes tipos de aplicações e serviços, é de grande importância que as estações terrenas sejam devidamente dimensionadas para que possam atender, de forma mais apropriada, a todas as possíveis aplicações a utilizar no sistema. Pois a EIRP dita o desempenho da ligação na transmissão e a Figura de Mérito (G/T) dita o desempenho na recepção, então temos que fazer bom cálculo de diâmetros, ganho e de tantos outros parâmetros que são relevantes para uma excelente performance do sistema.

Como qualquer outro tipo de comunicação via rádio, o sistema via satélite poderá oferecer tráfego de informação em um ou em ambos sentidos, ou seja, as nossas estações terrenas irão transmitir e ao mesmo temo receber informações.

Esse tipo de configuração é bastante comum para difusão de informações, como é realizado em transmissão de sinais de televisão e rádio para todo território nacional. 


Figura 1 - A esquerda link Ponto-à-Ponto entre duas estações terrenas em ligações por satélite, a direita link Ponto-Multiponto, muito comum em redes VSats.


CONFIGURAÇÃO DAS ESTAÇÕES TERRENAS

 

Ao se escolher um local para implementação de uma estação terrena, alguns factores devem ser considerados, dentre os quais podemos citar:

a)            O local deve serde fácil acesso de modo a facilitar a implementação e manutenção da estação e, também deve estar próximo à uma rede primária de distribuição de energia

b)    As características do solo devem ser cuidadosamente investigadas, principalmente em aplicações que utilizam antenas de grande porte, tendo em vista as implicações nas fundações das antenas

c)     O local deve se situar o mais próximo da Central de Comutação, de modo a minimizar as necessidades de ligações microondas para a ligação da estação terrena a central

d)      O local deve ser escolhido de modo a que os níveis de interferência mútua entre a estação terrena e estações de microondas sejam mantidos dentro dos limites permissíveis estabelecidos


Figura 2 - Configuração básica de uma estação para operação bidireccional em que temos a transmissão (bloco superior) e recepção (bloco inferior)

ESQUEMA DOS EQUIPAMENTOS



NA TRANSMISSÃO

Podemos verificar que a informação analógica ou digital é modulada e entregue, na saída do modulador, com uma frequência intermediária (FI) que pode variar de acordo com o sistema ou configuração, normalmente os valores variam em 70 ou 140 MHz.

O sinal modulado em FI é convertido pelo Up-Converter para faixa de transmissão do percurso, que pode ser Banda C, Ku, Ka, X e outras, mas para o nosso caso de estudo é a banda Ku que são 14 GHz.

O sinal convertido para sua faixa de canal é amplificado pelo HPA (High Power Amplifier) ou amplificado de alta potência e aplicado a uma antena de transmissão que o irradia em direcção ao satélite.

Os principais equipamentos usados para transmissão são:

a)     1º HPA (High Power Amplifier): O amplificador de alta potência é usado para amplificar o sinal que se pretende transmitir, de formas que o mesmo consiga chegar até ao satélite, mesmo com a distância de aproximadamente 36.000 Km. Por ser uma amplificador convencional, ele gera muito ruído, e é usado na transmissão porque o sinal nesta fase ainda não está degradado.


Figura 3 - Amplificador de Alta Potência (HPA)




a)      2ºUp-Converter: é um circuito conversor de frequência de IF para frequência de microondas. Pois as frequências de IF não conseguem propagar até a distância em que o satélite se encontra, então necessita-se de maior frequência para tal, mas em função da banda em que se pretende operar.


Figura 5 - Up-Converter a operar na Banda C (6 GHz)

a)     3º Modulador: responsável pelo tratamento da banda básica, ou seja responsável pela transmissão do sinal, seja ele de voz, dados, vídeo, etc. Trabalha com frequências intermédias (IF), que estão na ordem dos 140 ou 70 MHz.


Figura 6 – Comtech EF Data CDM-570A/L e CDM-570A/L-IP


NA RECEPÇÃO

O sinal que chega do satélite para a estação terrena de recepção é então amplificado por um amplificador de baixo ruído LNA (Low Noise Amplifier), este sinal ainda na faixa de SHF em 12 GHz é convertido para banda L ou para 70 MHz e/ou 140 MHz.

O sinal de FI é aplicado ao demodulador que oferece na saída do sistema o sinal de informação analógico ou digital.

Os principais equipamentos usados para recepção são:

a)    1º LNA (Low Noise Amplifier): O amplificador de baixo ruído é usado na parte da recepção para amplificar os sinais vindo do satélite e limpá-los do ruído. Por isso é que é amplificador de baixo ruído. Os amplificadores convencionais geram muito ruído, e como os sinais já chegam do satélite com muitos ruídos, há necessidade de se colocar um amplificador que limpa o sinal do ruído.





a)    

2º 2º Down-Converter: É um circuito conversor de frequência que converte a frequência de IF para frequência de microondas, para poderem ser entregues aos demoduladores.




a)    3º Demodulador: equipamento de recepção do sinal, depois de convertido a frequência de microondas em IF, o sinal então é recebido pelo demodulador, que em função da sua interface, pode distribuir os serviços que o usuário necessita.




ANTENAS UTILIZADAS NAS ESTAÇÕES TERRENAS

 Em ligações via satélite as antenas mais comuns derivam de três principais classes de antenas, que são:

 

ü  Antenas cornetas (Horn Antenna);

 

ü  Rede de antenas em fase (Phased Array Antenna);


ü  Antenas parabólicas (Parabolic Antenna).



ANTENAS CORNETAS (HORN ANTENNA)

 As antenas do tipo corneta são muito utilizadas como elemento de referência em testes de componentes dos sistemas via satélite, pois oferecem altas figuras de mérito. O uso destas antenas em aplicações comerciais não foi difundido, pois, quando se necessita de ganhos elevados, o tamanho das estruturas cresce bastante, aumentando o custo.







REDE DE ANTENAS EM FASE (PHASED ARRAY ANTENNA)

     As redes de antenas em fase são usadas quando o feixe ou a cobertura do satélite está em constante movimento, como no caso de satélites de órbita media e baixa, ou para ligações com satélite geoestacionário com um dos terminais, sendo móvel, em terra. Dentro deste conceito existem modelos clássicos muito presentes no mercado actual. 

A localização de veículos utiliza enlaces de rádio com satélites geoestacionários trabalhando com taxas de transmissão muito baixas, exigindo pequenas larguras de faixa e, consequentemente, níveis muito pequenos de sinal para viabilizar a comunicação. Neste caso, as redes de antenas em fase com baixa directividade, são construídas em circuito impresso com elementos de microlinhas, possibilitando à unidade móvel se comunicar em qualquer ponto de operação do satélite, sem a necessidade de apontamento manual ou automático.



Figura 13 – Array de antenas de comunicação satélite


ANTENAS PARABÓLICAS (PARABOLIC ANTENNA)


O baixo ganho das antenas limita a operação dos enlaces com taxas elevadas de transmissão. Quando se necessita de taxas mais altas é imprescindível o uso de antenas de maior ganho. Por este motivo, as antenas com uso de refletores parabólicos foram as que trouxeram mais vantagens para os enlaces com satélites geoestacionários, aliando altos ganhos com pequenas dimensões, baixo custo e facilidade de instalação.

Dentre os modelos mais encontrados no mercado, podemos destacar as antenas com montagem simétrica, conhecidas como prime-focus; as antenas com iluminação deslocadas, chamadas de offset antennas; e as antenas com duplo refletor que se dividem em dois outros tipos chamados de cassegrain antennas e gregorian antennas.

ANTENAS PRIME-FOCUS

A antena prime-focus, também conhecida como Parabólica de Foco Principal é aquela em que o alimentador (feeder) é instalado no ponto focal do refletor parabólico (parabolóide). A maior limitação desta configuração é a redução da eficiência, devido ao fato de o iluminador bloquear parte da área iluminada do refletor.

Esta obstrução, além de reduzir a eficiência, também aumenta a intensidade dos lóbulos laterais, devido à difração por obstáculo. Esta condição de aumento dos lóbulos laterais faz com que a radiação emitida pela superfície terrestre seja captada pelo iluminador, como se ocorresse um transbordamento da área iluminada. A conseqüência deste efeito é o aumento da temperatura de ruído das antenas.

Os lóbulos laterais e, conseqüentemente, o transbordamento podem ser atenuados, se o diâmetro do alimentador for diminuído. Para obter uma baixa temperatura de ruído, faz-se necessário a utilização de um alimentador direcional e uma maior distância do ponto focal.


Figura 14 – Esquema Antena Prime-Focus


Esta antena é mais comum, focaliza em um único ponto todos os sinais recebidos em uma direção paralela ao seu eixo. Os sinais que têm origem em outras direções que não daquelas do satélite apontado, são reflectidos fora do seu ponto principal.


ANTENA PRIME-FOCUS COM MONTAGEM OFFSET

 A antena prime-focus com montagem offset é aquela em que o alimentador se localiza no foco, mas com uma angulação em relação ao vértice do refletor parabólico, como demonstrado na Figura 2.7. Esta construção resulta numa iluminação de apenas um dos lados do parabolóide, o que permite a instalação de módulos eletrônicos, tanto para recepção como para transmissão, junto ao iluminador (feeder), sem que ocorra nenhum tipo de obstrução à área iluminada.

Consequentemente, a eficiência da antena aumenta, se comparada à configuração simétrica. No entanto, como os lóbulos laterais (transbordamento) continuam voltados para a terra, a temperatura equivalente de ruído da antena continua nos mesmos patamares que os encontrados para a condição anterior.


Figura 16 - Esquema Antena Prime-Focus com Montagem Offset




A análise de várias antenas de diferentes fabricantes possibilitou a obtenção de valores médios de eficiência para as antenas prime-focus com montagem simétrica ou offset. Os resultados apontaram para eficiências em torno de 60% para as antenas simétricas e 70% para as antenas offset.


ANTENA CASSEGRAIN

A antena do tipo cassegrain é uma estrutura formada por dois refletores e um alimentador (feeder). Na figura abaixo, o reflector de maior dimensão é parabólico e denominado de reflector principal. O refletor hiperbólico de dimensão menor é denominado refletor auxiliar.


Figura 18 - Antena Cassegrain com dois reflectores


Estes dois refletores são devidamente posicionados no intuito de estabelecer um conjunto que garanta a maior eficiência de irradiação, apresentando resultados que solucionem os problemas apontados pelas configurações já discutidas anteriormente.

A disposição dos três componentes que compõem a antena casegrain dependerá dos focos dos dois refletores empregados na estrutura. O alimentador é instalado no vértice do refletor principal, na posição do primeiro foco do refletor auxiliar que, na figura acima, está representado pelo ponto A e o segundo foco do refletor auxiliar deve coincidir com o ponto focal do refletor principal, como representado pelo ponto B.

 



A configuração da antena casegrain permite que os equipamentos de transmissão e recepção sejam instalados junto ao alimentador sem que ocorram atenuações elevadas. Para antenas de grandes dimensões instaladas em grandes tele-portos, as distâncias entre os alimentadores e os ambientes onde estão instalados os equipamentos são muito grandes. No intuito de não trabalhar com altas perdas com cabos ou guias de onda, os equipamentos de transmissão e recepção são ligados aos alimentadores através de estruturas de reflexão guiada. Toda esta estrutura permite que as antenas de grande porte sejam movimentadas nos dois planos, com possibilidade de ajuste dos ângulos de azimute e elevação.


ANTENA GREGORIANA

       A construção da antena gregoriana é baseada na configuração do telescópio gregoriano, que possui um refletor principal com aspecto parabólico e um refletor auxiliar elíptico. A forma de operação é idêntica à da antena casegrain.

Nas antenas de grande porte para aplicações comerciais, a escolha da configuração casegrain ou gregoriana ocorre muito em função do fabricante escolhido, pois são os mesmos que optam por uma ou outra configuração nos seus processos de fabricação, dado que estas antenas apresentam desempenhos equivalentes.

Tanto para as antenas casegrain como para as antenas gregorianas, pode-se utilizar a técnica de construção offset, no intuito de eliminar os problemas causados pelo refletor auxiliar. Normalmente, os fabricantes oferecem a eficiência total da estrutura, mas nunca os fatores de perda de cada um dos elementos que a compõem. A tabela abaixo, extraída do artigo de N. Lockett, demonstra as eficiências de uma antena casegrain de grande porte. Os valores teóricos confirmaram o desempenho obtido de cada um dos componentes testados e medidos.



Figura 20 - Antenas Cassegrain e Gregorianas




Figura 22 - Esquema Antena Gregoriana com Montagem Offset



Figura 23 - Antena Gregoriana ATA offset







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